quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

dias cinzentos

Todos os dias subo as escadas da biblioteca onde mais tempo passamos juntos a segurar o meu pequeno coração à espera de te encontrar. Aperto-o com força e peço-lhe para ter calma.
Os últimos três degraus são os mais difíceis, o meu coração salta ferozmente de impaciência e quase que não o consigo controlar. Desafio as leis da física, e enquanto subo o ultimo degrau, tento ver através da parede se tu estás lá. Naquele milésimo de segundo peço a todas as forças do universo que te ponham ali atrás daquela parede que estou prestes a cruzar.
A pior parte surge quando começo a cruzar a esquina e finalmente posso ver a mesa onde habitualmente estás. Primeiro vejo a pontinha da mesa e os meus olhos e o meu coração procuram por vestígios teus. Dou mais um passo e finalmente consigo ver.  O meu coração esmorece. Dou de caras com um rosto que não é o teu. Nesse momento sinto que aquela pessoa que está a ocupar a "tua" mesa não deveria estar ali. Sinto-me como se te tivessem roubado um bem precioso. Mas na realidade estou só desiludida por não seres tu a estar ali sentado.
Neste momento o meu coração já diminuiu de tamanho, encolheu e retraiu-se como se tivesse sido atingido por qualquer objecto cortante. A vista fica turva e o sorriso desvanece.
A única certeza que tenho naquele momento é a de que o meu dia vai ser absolutamente cinzento.

Sem comentários:

Enviar um comentário