sábado, 8 de outubro de 2016

A guerra de gerações, e as boas acções esquecidas

Eu nunca entrei muito nesta dita "guerra de gerações", mas é sabido que existe. Pessoas acima de uma determinada idade (eu diria meia idade), estão constantemente a proferir as seguintes frases:
- "No meu tempo não era nada disto..."
- "Hoje em dia os jovens só querem saber de drogas, alcool, tabaco e festas"
- " Os jovens de hoje em dia são uns mal educados"
- " Os jovens de hoje em dia já não querem saber da família e de quem os educou"
- " Os jovens de hoje em dia não tem responsabilidade nenhuma!"  - Entre outras coisas do género.

Estas conversas são normalmente apanhadas em paragens de autocarro, filas de supermercado, nos comentários do facebook, ou num qualquer espaço publico.
Se soubessem o quanto me irrita ouvir isto. Irrita-me! Já ouvi várias vezes conversas destas, mas fui educada (coisa que eles dizem que os jovens não são) e calei-me, guardei para mim e respeitei a opinião.
Eu sei que neste mundo há de tudo, há jovens mal educados, há jovens sem objectivos e responsabilidades, há jovens viciados em alcool e tabaco. Sim tudo isto existe! Mas não é só aos jovens que isto acontece, acontece a pessoas de todas as idades e feitios!

Eu sinceramente estou um bocadinho farta que acusem a minha geração de ser um montão de coisas que na realidade não somos!

Este post vem a propósito de uma situação que me aconteceu ontem no supermercado.
Quando entrei no Continente estavam JOVENS VOLUNTÁRIOS (todos com idades entre os 18 e 25 anos mais ou menos) da cruz vermelha a entregar panfletos e sacos para quem quisesse contribuir de alguma forma com comida, nem que fosse só uma lata de atum. Entrei, e um JOVEM explicou-me a causa e eu aceitei e peguei num saco. Entretanto fui fazer as minhas compras e fui à zona do talho onde estava um fila enorme e onde tive de esperar imenso tempo, curiosamente, perto desta zona do talho estava um JOVEM voluntário a distribuir os tais sacos para quem quisesse ajudar. Como estive ali imenso tempo na fila à espera da minha vez pude observar quem é que pegava nos sacos e quem é que nem sequer respondia ao JOVEM voluntário. Estive na fila cerca de 25 minutos, e nesse espaço de tempo devo ter visto cerca de 10 JOVENS que entraram no supermercado e pegaram nos sacos para ajudar. Sabem quantas pessoas mais velhas vi a ajudar? Zero. Nada.
Mas tudo bem, respeito que nem toda a gente possa ajudar. Mas sabem o que é que estava a acontecer na fila do talho? Uma dessas conversas com as frases já mencionadas acima entre três senhoras com os seus 50. Não lhes vi nenhum saco da cruz vermelha na mão. Mas pronto, os JOVENS é que são uns parasitas da sociedade.

Em relação à ajuda da cruz vermelha, custa-me mesmo ver pessoas a entrar no supermercado e ignorar por completo estas acções. A minha contribuição foi pouca, mas tenho a certeza que vai ajudar alguém:
- 1 pacote de sal grosso (20 cent)
- 1 L de leite (45 cent)
- 3 pacotes de bolachas tipo cracker (30 cent cada)
- 1 Lata grande de feijão (50 cent)

Não fiquei mais pobre por isto, mas sei que ajudei. Mas isso não interessa nada porque vou sempre pertencer à geração dos JOVENS mal educados, egoístas, e ignorantes.


1 comentário:

  1. a minha contribuição ainda foi mais pequena:
    1 lata de salsichas
    1 lata de atum

    Mas acho que o que conta mesmo é a intenção, e se toda a gente desse algo faria a diferença!

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